A partir da observação da PAISAGEM NATURAL, a oficina trabalha com a ideia de LINHA como elemento estrutural que delimita e dá forma à paisagem. A pena de bambu é um instrumento de aparência rústica, mas muito versátil, seu TRAÇO é mais suave que o da caneta bico-de-pena de metal, com mais variações na espessura da linha possibilitando um maior liberdade de intensidade dos traços. A paisagem montanhosa da Serra do Gandarela oferece uma variedade de TEXTURAS e ricas variações tonais nos PLANOS que se perdem no horizonte tornando-se um motivo ideal para ser capturado com a PENA DE BAMBU.
O segredo de todo desenho está em aprender a OBSERVAR, mais do que na capacidade ou incapacidade de aplicar determinada técnica. Aprimorar a habilidade de perceber realmente o motivo e capturar o desenho prévio - ou seja - o esboço, é o estágio preliminar a partir do qual se constrói a composição, o enquadramento e as proporções de qualquer intenção ilustrativa, gráfica ou artística. Esta abordagem valoriza a observação direta, a expressão pessoal e a conexão com o ambiente, promovendo a prática do desenho como meio de expressão, registro e comunicação.
Com duração de dois dias, a oficina procura promover assim uma forma de SENSIBILIZAÇÃO através do desenho, propondo um olhar atento sobre a ARTE figurativa da paisagem, levando em conta que ela não apenas reproduz passivamente a NATUREZA, na medida em que o ato de desenhar desloca a paisagem, tira o objeto do lugar-comum, do contexto no qual estamos habituados a vê-lo. Nas palavras de Paul Cézanne: "desenhar a natureza não pressupõe copiar o motivo, mas materializar as sensações próprias." É sabido que Johan Moritz Rugendas, um dos mais conhecidos pintores viajantes do séc. XIX, utilizava a sua sensibilidade do momento específico para representar as paisagens do Brasil em suas pinturas e em seus mais de 600 desenhos.
Nosso ateliê se localiza numa fazenda na Serra do Gandarela a 40km de Belo Horizonte, no distrito de Rio Acima. Apresenta um relevo montanhoso, com um conjunto de cachoeiras e trilhas acessíveis, com altitudes que variam de 700 a 1.600 metros. Na parte baixa da Serra ocorre a vegetação de cerrado e, por onde correm os rios, há mata ciliar com remanescentes de mata atlântica. Já nas regiões mais altas, acima de 1000 metros, ocorre a vegetação de campos rupestres, ou campos de altitude, com solos arenosos de pouca profundidade e pequena capacidade de acumular água. A temperatura perto do solo pode chegar a 50˚C durante o dia, e a 0˚C à noite.
Apesar da aparente aridez, a vegetação de campos rupestres abriga uma flora bastante diversificada, com flores raras e únicas na região (Já foram catalogadas mais de 1.600 espécies diferentes) tais como crisântemos, margaridas, orquídeas; várias espécies de canela-de-ema, bromélias e quaresmeiras como o Manacá da Serra. As plantas que florescem nestas difíceis condições climáticas encontram estratégias para sua sobrevivência, evidentes nas folhas espessadas e com textura de couro (coriáceas) e nos troncos secos de espécies como o Bate-Caixa, Murici, Pau-de-tucano e etc. A vegetação apresenta características muito atraentes trazendo com isso a ameaça de extinção devido a coleta e consequente comercialização. A vivência nesta oficina pretende sensibilizar o olhar e retratar a natureza por meio do desenho, além de aproveitá-la e preservá-la.
1- CONSTRUINDO A PENA DE BAMBU
- Escolha do bambu
- Cortes e perfurações
- Modelagem da ponta
2- TRAÇOS COM PENA DE BAMBU (AQUECIMENTO)
- Cruzado em ângulo, zigue-zague, traços sensuais e finos, traços fortes e intensos.
- A pena de bambu e seus efeitos
- Desenho de paisagem linear: controle do traço
3- EXPEDIÇÃO DE DESENHO 1 (PAISAGEM MONTANHOSA)
- Escolhendo um ponto de vista interessante (Observação analítica, enquadramento original)
- Adequação de elementos no esquema compositivo valores rítmicos e compositivos
- Estruturação por sombras
- Método de Lorrain: harmonia na composição
- Planos sucessivos: "Coulisse"
4- EXPEDIÇÃO DE DESENHO 2 (PAISAGEM DE TRILHAS E CACHOEIRAS)
- Escolhendo um motivo interessante (Observação analítica, enquadramento original)
- Adição e subtração de elementos no esquema compositivo
- Estruturação Livre
- Primeiro plano contrastado
- Plano fechado
- Lápis grafite (H, HB, 2B)
- Borracha
- Tinta guache branca peq.
- Estilete largo
- Bloco A5/A4, ou sketchbook com folhas brancas
- Tinta nanquim
- 3 potinhos com tampa (do tipo geléia pequeno)
- Bambu (disponível no local)
- Banquinho (disponível no local)
Destinada a qualquer pessoa que se interesse pelo fazer manual e deseja aprender e praticar desenho de observação da natureza; realizando reflexões sobre a prática e com isso fundar ideias subjetivas e singulares de paisagem.
A oficina estimula as artes manuais e o pensamento analógico, buscando combater a estagnação sensorial e a padronização da sensibilidade.O excesso de informação leva a comportamentos repetitivos e acomodados. Por isso, a prática da tentativa e erro é essencial para romper essas normas e descobrir coisas novas.
PRIMEIRO DIA
8h-9h30 – Café da manhã: Recepção dos participantes
10h – Construíndo a pena de bambu
- coleta do bambu;
- tipos de pena de bambu;
- construção da pena de bambu;
12h – Intervalo para almoço
13h15 – Apresentação de referências (artistas mestres da pena de bambu)
13h30 – Aquecimento com pena de bambu
- traços com pena;
- pena de bambu e seus efeitos;
- paisagem linear: controle do traço;
15h30 – Expedição de desenho 1 (paisagem montanhosa)
- Paisagem montanhosa: Mirante
18h-19h – Piquenique no mirante: Conversa sobre os desenhos do dia
21h – Jantar
22h – Repouso
* Item individual sugerido: repelente; protetor solar; óculos de sol; boné/chapéu; calçado fechado para caminhar; garrafinha de água e lanche (fruta/barra cereal).
SEGUNDO DIA
7h – Café da manhã
8h – Expedição de desenho 2 (paisagem de trilhas e cachoeiras)
- Desenho de flora pela trilha;
- Desenho de cachoeira;
12h – Regresso
12h30 – Almoço de encerramento da oficina (Livre para quem quiser passar a tarde e aproveitar as cachoeiras.)
* Item individual sugerido: mesmos itens da Expedição 1 + roupa de banho, canga e toalha (para quem quiser entrar na água). A trilha é considerada de nível fácil, caminhando no máximo 10min. para se chegar nos pontos de desenho nas cachoeiras.
Ulisses Carvalho é artista plástico, designer gráfico, educador e pesquisador de arte sonora e contemporânea no doutorado da Escola de Belas Artes da UFMG. Sua poética explora a materialidade dos sentidos criando trabalhos nos campos do desenho, pintura, serigrafia, fotografia, múltiplos, escultura, vídeo, arte sonora e performance. Participou de projetos em várias cidades como Salvador, Madrid, Barcelona, Buenos Aires, Salónica e outras. Teve peças sonoras veiculadas em rádios como Rádio CASo (Argentina) e UniRAdio 107.7 FM (Uruguai). Participou de eventos "Urban Sketching" nas cidades de Barcelona e Madri. É mestre em Artes Visuais pela UFMG. Estudou criação sonora na Universidade de Barcelona (2014); arte sonora na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2010); pós-graduação em artes plásticas e contemporaneidade (2008) e graduação em artes plásticas (2006) pela Escola Guignard - UEMG.
A oficina é oferecida em 4 edições independentes ao longo do mês de outubro, permitindo que você participe de qualquer uma delas.
DATAS: (outubro 2024)
Edição I: 12 e 13
Edição II: 15 e 16
Edição III: 17 e 18
Edição IV: 26 e 27
HORÁRIO: Dia 1: 9h-18h | Dia 2: 8h-13h
LOCAL: Serra do Gandarela, Rio Acima
OFICINA: R$ 450,00
ESTADIA: R$ 350,00 (incluso café da manhã, almoço e jantar)
VAGAS: 6 vagas
* Sujeito a cancelamento devido condições climáticas.
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